Redação Empresarial
Como visto no texto O cometa Halley e discutido em sala de aula, a situação apresentada mostra deformações na comunicação e nos leva à conclusão de que ela não correspondeu à verdade. Poderíamos dizer que a culpa foi das pessoas envolvidas, porque não reproduziram o conteúdo da mensagem na sua totalidade, deformando-o de tal maneira que a mensagem final nem de longe se parece com a inicial.
Uma das razões para essa diferenciação é o acréscimo pessoal de cada um dos envolvidos. Contudo, se a mensagem tivesse sido transmitida por escrito, o risco de má interpretação teria sido bem menor, mas mesmo assim existiria.
Essa é a razão fundamental do nosso curso: não só proporcionar uma comunicação oral mais rica, mas principalmente desenvolver habilidades para uma comunicação escrita correta e eficaz.
Quando se escreve ou se lê um texto, é preciso ter consciência do nosso papel na comunicação.
Se fizermos o papel do emissor, é preciso que a nossa mensagem seja a mais clara e correta possível; neste caso, deveremos considerar quais as características sociais e psicológicas do nosso receptor, para que a mensagem alcance o resultado desejado.
O sucesso da sua comunicação estará garantido se você usar adequadamente o código e as informações de que você dispõe sobre o referente, usar apropriadamente o canal de comunicação, além de ser capaz de produzir uma mensagem que satisfaça às expectativas de quem vai ser o seu receptor.
Se, por outro lado, somos os receptores de uma mensagem, devemos ser capazes de captar qual foi a intenção do emissor (que poderia ser um jornalista, um escritor, um publicitário, um parente, um amigo, o chefe etc.): informar, entreter, vender etc.; é preciso levar em conta toda a trama comunicativa para que a nossa leitura se torne mais consciente e mais crítica.
LINGUAGEM
Qualquer processo de comunicação: a mímica, que os surdos-mudos utilizam, ou a chamada linguagem dos sinais; os sinais de trânsito, com suas significações; a transmissão de dados, seja por sinais ou por códigos: tudo isso está caracterizado como Linguagem.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Conforme o objetivo que o emissor tem em mente, ele utiliza a linguagem orientando-a para certas funções:
Função referencial ou denotativa: quando o comunicador deseja apenas comunicar algo, dar uma notícia, descrever um objeto, relatar ou explicar uma experiência científica. Para tal, utiliza-se uma linguagem clara e objetiva, cuidando para que os vocábulos denotem sua real significação.
Exemplos:
Textos científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos etc.
Função emotiva ou expressiva: quando o comunicador, além de relatar algo, o faz acrescentando sua própria impressão pessoal, de modo a causar no destinatário esta mesma emoção, sensibilizando-o.
Exemplos:
Poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico
Função apelativa ou conotativa: quando o comunicador busca influenciar o modo de pensar ou agir do receptor, tomando como base um texto, um fato, antigo ou não.
Exemplos:
Textos publicitários, discursos políticos etc.
Função fática ou de contato: quando o comunicador, através de mecanismos adequados tenta, apesar dos ruídos e obstáculos, manter o receptor em contato, de modo que ele receba a mensagem.
Exemplos:
Alô, quem fala?
Alô, você está me ouvindo?
Bom dia, tudo bem ?
Hum... hum...
Hã, o quê?
Função metalinguística: quando o comunicador usa o texto para explicar, definir, analisar, criticar, traduzir ou trocar termos e expressões da própria linguagem.
Exemplos:
Dicionários e textos que visem à tradução do código ou à elaboração do discurso.
Função poética: quando o comunicador procura realçar os aspectos formais da mensagem; para isso, ele pode lançar mão de recursos especiais como ritmo, rimas, versos: é uma linguagem rica, original e criativa.
Exemplos:
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinícius de Moraes
Justificativas para Melhorar a Redação
a) O ato de escrever é um processo contínuo, que estamos sempre aprimorando.
b) O ato de escrever é vivencial, ou seja, está baseado na experiência de vida e no modo como assimilamos as informações que recebemos continuamente.
c) O ato de escrever é social; ninguém escreve só para si mesmo, mas para os outros, de modo a divulgar, discutir, criticar, enriquecer. Este é um processo de mão dupla, uma vez que todos são escritores e leitores ao mesmo tempo.
d) O ato de escrever é profissional. Devemos preocupar-nos em ser capazes de redigir não apenas por prazer, mas principalmente, e é isso que importa aqui, para nos sairmos bem em situações de trabalho.
Como organizar as ideias
É frequente as pessoas comentarem que não sabem como começar a redigir um texto. Sentam-se com o papel e o lápis, ou em frente ao computador e ficam longo tempo sem que uma simples ideia ocorra. De início você precisa de um tema - depois é que vai decidir o que escrever sobre ele.
Antes de começar, você deve pesquisar o assunto sobre o qual vai escrever para ter elementos capazes de convencer pelo texto. A primeira regra da boa redação é ter o que dizer sobre o tema. O resto do trabalho fica por conta das regras que vamos estudar a seguir. Seguem alguns conselhos práticos:
Planeje o que você vai escrever. Medite sobre o que vai escrever e reflita sobre como vai fazê-lo. Faça um roteiro, escrevendo os assuntos que pretende comentar de maneira ordenada. Deixe um espaço em branco entre os assuntos para poder intercalar um outro tópico que porventura apareça ou para ligar os assuntos entre si. Evite embaralhar os assuntos, deixando um sem concluir e depois voltando a ele. Isso, além de tornar confusa a redação, mostra desorganização mental da parte do redator.
Considere o receptor. Ele é um dos componentes fundamentais da comunicação. Podemos chamá-lo de “audiência”, de “destinatário”, de “cliente”, e é ele que vai nortear as suas decisões, o tipo de carta ou relatório, a escolha das palavras etc.
Busque sempre a clareza. Se você escreve para alguém, quer fazer-se compreender, não é? No mundo repleto de informações em que vivemos, nem sempre é fácil apresentar nossos argumentos de forma clara. Antes de mais nada, é preciso estar consciente de que nem sempre o que é claro para você será claro para o seu destinatário, porque as pessoas não encaram as situações pelo mesmo ângulo. É preciso “entrar na pele” do outro, sentir como ele sente, ver como ele vê. Se formos capazes disso, conseguiremos uma comunicação eficaz. Utilize o método de desenvolver passo a passo o seu raciocínio para que o leitor possa assimilar cada etapa. Ligue adequadamente as ideias para não correr o risco de apresentar as informações como peças independentes.
Releia, corrija, reescreva, aperfeiçoe. Nunca acredite que um texto preparado já esteja perfeito de primeira. Releia o seu texto verificando se não precisa trocar palavras repetidas ou buscar aquele termo mais exato. Olhe sempre com desconfiança para o que escreveu. Os bons redatores nunca deixam de revisar seus textos.
FONTE: MOTTA, Katya Maia. Redação Técnica, 5. ed. São Paulo: Monitor, 2013.
Comentários
Postar um comentário